Par de cenas alegóricas - VENDIDAS

Alessandro Magnasco era filho de um artista, seu pai era de fato Stefano Magnasco (Gênova, cerca de 1634 - 1672), mas também filho do Iluminismo, um movimento social, político, filosófico e cultural que queria "iluminar" a mente do homem para tirá-lo da ignorância. Conhecer a história e o que é o século das luzes ajuda a compreender a linguagem pictórica anticonformista de Lissandrino, como era apelidado, sem a qual só podemos olhar para as suas pinturas, comentá-las superficialmente e por vezes brincar ironicamente com elas. Na escolha da "linguagem", lemos o seu pensamento sobre a moral religiosa, nas iconografias picarescas conhecemos aquela humanidade crédula feita de pobres, ciganos, mendigos, etc.; temas várias vezes replicados pelo Mestre, sempre variando as representações. As suas personagens emergem da obscuridade (humana) "As figuras destes seus quadros...; e são feitas com rara mestria, e compostas de toques rápidos e desdenhosos, mas artificiosos, lançados com uma certa bravura, que é difícil de explicar, nem pode imaginar bem quem não a vê." [R. Soprani, C.G. Ratti, Vite de' pittori, scultori ed architetti genovesi, Tomo II, Gênova 1797, p. 157] O nosso esplêndido par de pinturas retrata "a pega amestrada" e "o macaco amestrado", ambas amplamente publicadas, em 1944 em Magnasco de Maria Pospisil, p LXXIX, tav. 82 e 83, em 1949 em Magnasco de Benno Geiger, p. 110 tav.145 e 146 e por Laura Muti e Daniele De Sarno Prignano em 1994 em Alessando Magnasco, p 621 fig. 472 e 473. O tema da pega amestrada ou lição de canto foi replicado várias vezes. Uma versão, foto a preto e branco, está localizada em Moscovo no museu Pushkin, outra, proveniente dos bens do palácio Pitti do príncipe Ferdinando dÉ Medici, está conservada em Florença na Galleria degli Uffizi. A realidade da condição humana daquele período histórico está fotografada em ambas as pinturas: na primeira tela, uma personagem picaresca está a ensinar a falar, ou seja, a enganar as pessoas, a uma pega (pássaro que imita a linguagem humana). Na segunda tela, a figura espelha-se com o seu alter ego, um macaquinho encarnação da libertinagem do ser humano, mas ligado com uma corrente àquela virtude cardinal, a temperança, que equilibra os instintos humanos. As obras de Alessandro Magnasco merecem uma leitura aprofundada para poder apreciar, para além da pura bravura executiva, o seu significado intrínseco. Esplêndidos, historicizados e modernamente atuais. Dimensões: tela 47 x 37,5 cm - moldura 62 x 53,5 cm